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9 jul 2012

Mitologia e Guerra nas Estrelas: Humanos e Máquinas

Na maioria das histórias mitológicas, o herói que percorre sua jornada em conjunto com seus companheiros precisa enfrentar uma batalha de proporções épicas. Ele se encontra em meio ao conflito entre as potências do bem e do mal, descritas em Guerra nas Estrelas como a República e o Império, ou o lado branco e o lado negro da Força.

O lado negro da Força manipula as fraquezas da República e lentamente constrói um Império completamente desumano e mecanizado. Os maiores representantes das potências do mal são caracterizados e representados por símbolos que remetem à maldade presente em nossa própria história, e dela são extraídos os elementos que traduzem a perversidade dos adversários do herói.

Para destacar a maldade do Império e seus personagens, George Lucas chama as tropas imperiais de Stormtroopers, o mesmo nome das forças especiais alemãs que davam proteção particular à Adolf Hitler.

Além disso, ao usar as cores vermelha, branca e preta, seja nos trajes das forças que cercam o Imperador ou nos próprios sabres de luz, Lucas empresta as cores favoritas de Hitler, as quais vieram a compor a Blutfahne, a bandeira que carrega uma suástica e representa o Terceiro Reich.

Darth Vader usa acima de sua máscara um capacete muito semelhante ao utilizado pelos soldados nazistas, um símbolo do mal muito poderoso.

Sua máscara e a dos Stormtroopers representa a ausência de humanidade e a disponibilidade de apenas cumprir ordens recebidas e não de fazer aquilo que é certo. Mais que isso, as máscaras conferem uniformidade aos soldados, retirando deles qualquer traço de liberdade, vontade própria ou criatividade. São humanos convertidos em máquinas, que cumprem as tarefas para as quais foram programados.

É evidente o contraste com a diversidade que caracteriza tanto a República como a Aliança Rebelde. As forças imperiais são sempre cercadas por tons escuros e cinzas, seus oficiais são vestidos com os mesmos uniformes, assim como os soldados com suas máscaras. Não há mulheres no Império, provavelmente porque o arquétipo feminino representa a natureza e o poder de dar vida.

Veja a Série Completa:

Mitologia e Guerra nas Estrelas: Parte 1
Mitologia e Guerra nas Estrelas: Parte 2
Mitologia e Guerra nas Estrelas: Parte 3
Mitologia e Guerra nas Estrelas: Parte 4
Mitologia e Guerra nas Estrelas: Parte 5
Mitologia e Guerra nas Estrelas: Parte 6
Mitologia e Guerra nas Estrelas: Parte 7

Já a República e a Aliança Rebelde são plurais em aparência e em opinião. Ao longo dos filmes que compõem a saga, várias espécies de seres de diversos planetas são mostrados. Uns são grandões e peludos como Chewbacca, outros são semelhantes à anfíbios como Almirante Ackbar e há também os pequeninos e orelhudos como o Mestre Yoda.

Entre estes seres diferentes, é lógico que não poderiam faltar divergências de opinião, as quais são resolvidas através do diálogo. No Senado da República estão presentes as vozes dos diversos planetas e sistemas, dispostos em uma espécie de arena que favorece o debate em torno de assuntos importantes. Muito diferente do Império, que resolve as diferenças sempre com morte, terror, violência e destruição.

Um dos temas centrais de Guerra nas Estrelas é o embate dos defensores da diversidade e da convivência pacífica entre as mais variadas etnias contra os defensores da uniformidade, da padronização e do robotização da humanidade. Alguns consideram que se trata de uma alegoria da Guerra Fria, onde as forças capitalistas formadas por povos livres e singulares enfrentavam as forças comunistas caracterizadas pelos rígidos e estéreis padrões soviéticos.

Em essência, a disputa retratada é a do homem contra o sistema, no sentido do atrito existente entre a liberdade, a criatividade e a espontaneidade, e a face dura e fria do poder, manifestado pela burocracia, pela opressão e pela rígida hierarquia. Além do próprio Darth Vader, um dos maiores símbolos desta disputa é o General Grievous.

Grievous eram um guerreiro muito poderoso e um estrategista brilhante, que foi envolvido numa trama elaborada pelos vilões Sith, e teve seu corpo completamente estraçalhado por uma bomba. Seus restos humanos (na verdade Kaleeshianos, pois ele era do planeta Kalee), seu coração, seu cérebro e seus olhos foram implantados em um exoesqueleto robótico. Esta transformação acabou apagando todos os seus sentimentos, exceto a raiva, a qual usava para perseguir os Jedis.

A grande questão da trama é relação entre o homem e a máquina. Haverá a máquina de servir o homem ou haverá o homem de servir à máquina?  Em Guerra nas Estrelas, as máquinas representam as perda da humanidade, e isso pode ser visto no corpo robótico de Darth Vader, nas diversas máquinas de batalha do Império que são mostradas como verdadeiros personagens, à exemplo dos Walkers, dos Cruzadores e da Estrela da Morte.

Em um trecho do filme Uma Nova Esperança, um dos oficiais do Império afirma que a Estrela da Morte é a força mais poderosa do universo, papel que para os membros da República é desempenhado pela Força. A Estrela da Morte parece um planeta, mas é uma máquina oca, assim como a própria alma do Império.

Mas as máquinas não são as vilãs ou os grandes agentes do mal, e sim a forma como os humanos a utilizam. É aí que radica a diferença entre a bondade e a maldade das máquinas, sejam elas computadores ou armas. Os rebeldes também usam a tecnologia, pois empregam naves, pistolas e robôs, mas sua vitória não deve ser creditada à habilidade técnica no manejo de tais instrumentos, mas por causa da Força, algo maior do que eles mesmos.

Isso fica muito claro no final do episódio IV, intitulado Uma Nova Esperança, onde Luke faz seu voo de ataque à Estrela da Morte. Nesta ocasião ele precisa realizar um disparo muito preciso, para o qual a maioria dos pilotos usa a tecnologia. Ao invés disso, Luke é orientado pela voz de Obi-Wan Kenobi a usar a Força, e em seguida ele dispensa o computador e resolve usar este poder cósmico em seu lugar.

Em todo caso, os rebeldes de Guerra nas Estrelas não poderia ter conseguido suas vitórias se não fosse pela tecnologia. O que está em jogo não é o uso ou não da tecnologia e da mecanicidade, mas o equilíbrio entre o humano e o robótico, sendo que neste equilíbrio a identidade dos seres humanos, suas intenções e seus valores devem controlar as máquinas, e não o contrário.

Veja a Série Completa:


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