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16 abr 2012

Mais 10 Mulheres Budistas que Você Deveria Conhecer

As mulheres budistas, incluindo as próprias monjas, vêm encarando uma dura discriminação pelas instituições budistas na Ásia há séculos. É claro que existe discriminação de gênero em praticamente todas as religiões mundiais, mas esse não é um argumento que sustente a postura antiquada das hierarquias que ainda fecham os olhos para as inegáveis contribuições feitas pelas mulheres no campo da religiosidade.

Este foi o primeiro fator que nos motivou a dar início à série das 10 Mulheres Religiosas que Você Deve Conhecer, trazendo aos leitores um panorama de algumas das mais conhecidas mulheres que não só colaboraram com a formação da doutrina e a expansão da prática de suas religiões, mas que também ao longo de séculos e até milênios vêm inspirando gerações na busca pela espiritualidade.

Começamos com a série das 10 Mulheres Budistas, e logo ficou evidente o grande interesse, especialmente por parte do público feminino, em conhecer estas figuras expressivas e inspiradoras desta belíssima tradição espiritual. E mais que demonstrações de interesse, recebemos inúmeras sugestões de mulheres que ficaram de fora, além do incentivo para que criássemos a lista que agora apresentamos de Mais 10 Mulheres Budistas que Você Deveria Conhecer.

10. Rainha Mallika

No tempo de Buda, nasceu a filha de um capataz, que era bonita, inteligente, bem comportada e uma fonte de alegria para seu pai. Quando ela completou 16 anos, ela foi para os jardins públicos com suas amigas e levou consigo três porções de arroz fermentado em sua cesta para se alimentar durante o dia.

Quando ela saía pelo portão da cidade, encontrou um grupo de monges que havia descido do mosteiro na colina para conseguir esmolas na cidade. Impressionada com a grandeza e a beleza do líder do grupo, a menina impulsivamente ofereceu-lhe toda a comida que havia em sua cesta.

Este líder era o próprio Buda. Ela colocou a oferta em sua tigela e se ajoelhou aos seus pés, ao que o Buda sorriu. Ananda, seu assistente, que sabia que o Buda não sorria sem motivo, perguntou o motivo do sorriso. O Buda respondeu que a menina iria colher os benefícios de seu ato tornando-se a rainha de Kosala.

Mesmo parecendo improvável, a menina Mallika se tornou Rainha, a esposa do Marajá de Benares e Kosala, mesmo sendo uma mulher de casta inferior. Depois que se tornou Rainha, ela foi visitar o Buda para saber porque algumas pessoas são ricas, outras pobres, algumas são bonitas e outras feias. O Buda explicou que todos os atributos e as condições de vida das pessoas dependiam unicamente do seu grau de pureza.

Depois de ouvir o discurso completo de Buda, Mallika refugiou-se nas Três Jóias do Budismo, e permaneceu uma discípula fiel para o resto de sua vida. Ela mostrou a sua grande generosidade, não só dando esmolas regulares, mas também através da construção de um grande salão de ébano destinado a conter as atividades do Sangha, que foi utilizado para discussões religiosas.

9. Khema

Khema era uma das duas principais discípulas de Buda. Seu nome significa “cheia de harmonia”, e ela era realmente uma mulher muito bonita. Khema pertencia à família real do antigo reino de Magadha e foi uma das rainhas principais do rei Bimbisara.

Ela não desejava encontrar-se com o Buda, pois sabia que ele não se importava muito com a beleza, e Khema sabia muito bem como era bela. Foi seu marido, o rei Bimbisara, quem falou para Khema sobre o Buda e quem a incentivou a ouvir os seus sermões e visitar o belíssimo mosteiro em que ele vivia.

Muito interessada em ver as coisas bonitas, Khema vestiu-se com esplendor real e dirigiu-se para o mosteiro de Buda. Ao ver Khema se aproximar, o Buda criou uma donzela excepcionalmente bonita ao seu lado, mais bela que a própria rainha. Ao ver a fascinação de Khema o Buda lentamente fez a donzela envelhecer.

Khema viu a bela pele da donzela encher-se de rugas, seu cabelo tornar-se grisalho e seu corpo sofrer os efeitos da idade. Ela viu então o colapso do corpo com a idade até a sua morte, deixando para trás apenas um cadáver, que por sua vez se converteu em uma pilha de ossos. Entendendo que todos os fenômenos condicionados eram impermanentes, Khema percebeu que o mesmo aconteceria com ela.

Como ela poderia manter sua beleza quando essa visão espetacular envelheceu e se decompôs diante de seus olhos? Khema estava finalmente disposta a ouvir o Buda, e depois de seus sermões ela alcançou a plena iluminação, tornou-se uma arhat. Por fim, com a permissão do marido, ela entrou para a ordem de freiras.

8. Ayya Khema

Ayya ​​Khema é uma mestra budista de família judia, nascida como Ilse Küssel, em Berlim, na Alemanha. Ela nasceu em 1923, e portanto escapou da perseguição nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Mais tarde, mudou-se para os Estados Unidos. Depois de viajar pela Ásia, ela decidiu em 1979 se tornar uma monja budista no Sri Lanka.

Seu trabalho foi muito ativo na geração de oportunidades para que as mulheres praticassem o Budismo, fundando vários centros de estudo ao redor do mundo. Em 1987, ela coordenou a primeira Conferência Internacional de monjas budistas.

O Dalai Lama foi um dos personagens principais desta conferência. Em maio de 1987, Ayya Khema foi a primeira monja budista da história a discursar nas Nações Unidas em Nova Iorque, tratando sobre Budismo e paz mundial.

Ayya Khema escreveu 25 livros sobre meditação e os ensinamentos budistas, em inglês e alemão. Seus livros foram traduzidos para sete idiomas. Uma de suas principais obras é intitulada I Give You My Life, que significa “eu te entrego minha vida”. Seu nome, recebido no próprio Sri Lanka, significa venerável (Ayya) e segurança (Khema).

7. Sangamitta

Sanghamitta era a filha do imperador Ashoka e sua rainha budista Devi, e juntamente com seu irmão Mahinda, fez parte de uma ordem de monges budistas. Mais tarde, os dois irmãos foram para o Sri Lanka para difundir os ensinamentos de Buda, a pedido do rei Devanampiya Tissa, que foi contemporâneo de Ashoka.

De início, o imperador Ashoka relutou em enviar sua filha para uma missão no exterior. No entanto, devido à insistência da própria Sanghamitta, ele finalmente concordou. Ela foi enviada ao Sri Lanka junto com várias outras monjas para iniciar a linhagem monástica feminina, a pedido do Rei Tissa, que desejava ordenar a rainha Anul e outras mulheres da corte localizada em Anuradhapura.

Depois de sua contribuição para a propagação do budismo no Sri Lanka, Sanghamitta lá institui a Bikhhuni Sangha, ou Meheini Sasna, termos que significam Ordem de Monjas. Então, seu próprio nome passou a ser sinônimo de Ordem Monástica Budista Feminina do Budismo Theravada, criada não só no Sri Lanka, mas também na Birmânia, na China e na Tailândia.

Sanghamitta foi responsável por trazer um ramo da árvore Bodhi de todo o budismo para o Sri Lanka e plantá-la em Anuradhapura. A árvore Bodhi é a mais reverenciada do budismo, já que foi sob ela que Buda alcançou a iluminação, e o ramo plantado por Sanghamitta ainda está vivo nos dias de hoje. Na lua cheia de dezembro, a árvore é celebrada no dia de Upavasatha, que também é conhecido como o dia de Sanghamitta.

6. Kisagotami

Kisagotami era a esposa de um homem rico de Savatthi, uma importante cidade dos tempos em que Buda andou pelo planeta. Sua história é uma das mais famosas no budismo. Depois de perder seu único filho, Kisagotami ficou desesperada e perguntou se alguém pode ajudá-la.

Sua tristeza era tão grande que muitos pensavam que ela já havia perdido completamente o juízo. Foi quando um velho homem disse à ela para que procurasse pelo Buda. Kisagotami contou ao Buda seu desespero e pediu à ele que trouxesse de volta à vida seu único filho.

Então, o Buda disse a ela que, antes que atendesse ao seu desejo e trouxesse a criança de volta à vida, ela deveria encontrar sementes de mostarda branca de uma família onde ninguém tinha morrido. Ela então saiu, desesperadamente, de casa em casa, em busca daquelas preciosas sementes que Buda pedira.

Mas, para sua decepção, ela não conseguia encontrar uma só casa que não havia sofrido a morte de um membro da família. Finalmente, ela foi tomada pela realização de que não há nenhum lar livre da mortalidade. Ela retorna até o Buda, que a confortou e pregou à ela a sua doutrina. Ela se iluminou e acabou se tornando um Arhat.

Existe um verso do Dhammapada que está relacionado à história de Kisagotami, e que diz mais ou menos o seguinte: “ainda que alguém seja capaz de viver uma centena de anos sem ver a imortalidade, melhor ainda seria aquele único dia em que alguém contempla a imortalidade”. Isso significa que é melhor compreender o sentido espiritual da imortalidade do que desfrutar dela materialmente.

5. Ani Choying Dolma

Ani Drolma Choying é uma monja budista e música do convento Gompa Nagi, no Nepal. Ela é conhecida no Nepal e em todo o mundo por levar muitos cantos e músicas festivas budistas tibetanas para o grande público.

Ani Choying nasceu em 1971, em Katmandu, no Nepal, filha de exilados tibetanos. Ela iniciou sua vida monástica como uma forma de escapar dos abusos físicos de seu próprio pai. Ela foi aceita na comunidade Nagi Gompa aos treze anos de idade. Durante alguns anos, a mestre cantora residente do monastério, quem tinha sido treinada diretamente pela esposa do Tulku Urgyen Rinpoche, ensinou à Ani Choying a música que a faria ser reconhecida por todo o mundo.

Em 1994, o guitarrista Steve Tibbetts visitou o monastério e gravou muitas músicas tibetanas tradicionais junto com Ani Choying em dois álbuns. Estas gravações, intituladas Cho and Selwa, receberam críticas extremamente positivas.

Tibbetts e Ani Choying embarcaram em turnês pequenas, que incluíram espetáculos em diversos monastérios históricos do Tibete. Ani Choying Dolma faz parte de um consideravelmente largo grupo de músicos da tradição tibetana que estão hoje ativos fora do seu país.

4. Ambapali

Ambapali foi uma nagarvadhu, que significa cortesã real, da República de Vaishali na antiga Índia, por volta de 500 aC. Ao seguir os ensinamentos do Buda, ela se tornou uma arhat. Ela é descrita nos textos das tradições budistas, particularmente junto com o Buda em seu jardim, que ela mais tarde doou à sua ordem.

Crescida para ser uma mulher de extraordinária beleza, charme e graça, Ambapali tinha muitos pretendentes, muitos jovens nobres que desejavam sua companhia. Para evitar confrontos entre seus pretendentes, ela recebeu o status de cortesã do estado de Vaishali.

Histórias de sua beleza viajou para os ouvidos do rei Bimbisara, do reino vizinho de Magadha. Ele atacou Vaishali, e em meio à guerra se refugiou na casa do Ambapali. Bimbisara era um bom músico, e em pouco tempo os dois se apaixonaram. Quando ela soube sua verdadeira identidade, Ambapali pediu à Bimbisara que abandonasse sua guerra.

Ambapali desejava ter o privilégio de servir comida ao Buda. As tradições budistas afirmam que o Buda aceitou o convite, e Ambapali recebeu-o com sua comitiva, e ofereceu-lhe uma refeição. Logo depois deste encontro, ela renunciou à sua posição como cortesã, aceitou o caminho budista, e manteve-se como uma ativa apoiadora da ordem budista.

3. Yasodhara

Yasodhara era filha do rei Suppabuddha e Pamita, irmã do pai do Buda, o rei Suddhodana. Ela se casou com seu primo, o príncipe Siddhartha Shakya, quando os dois tinham 16 anos de idade. Com 29 anos de idade, ela deu à luz seu único filho, um menino chamado Rahula.

No dia do seu nascimento, o príncipe resolveu abandonar o palácio. Yasodhara ficou devastada e foi tomada pela dor. Contudo, ao ouvir que o marido estava agora levando uma vida santa, ela resolveu seguir seu exemplo removendo suas jóias, vestindo uma túnica amarela bem simples e comendo apenas uma refeição por dia.

Embora vários parentes enviassem mensagens dizendo que iriam mantê-la e ao seu filho, ela recusava essas ofertas. Vários príncipes pedirem sua mão, mas ela rejeitava as propostas. Ao longo dos seis anos da ausência de seu marido, a princesa Yasodhara seguia de perto as notícias de suas ações.

Quando o Buda visitou Kapilavatthu depois da iluminação, Yasodhara não foi ver seu marido, mas ao invés disso pensou: “Certamente, se eu tiver acumulado alguma virtude com minhas ações, ele virá à minha presença”.

Algum tempo depois que seu filho Rāhula se tornou monge, Yasodhara também entrou para a Ordem das Monjas, e com o tempo alcançou a condição de arhat. Ela foi ordenado como uma das quinhentas Bhikkhunis da ordem estabelecida por Gotami Pajapati. Ela foi considerada a mais poderosa de todas as monjas. Entre as discípulas de Buda, ela alcançou grandes poderes sobrenaturais.

2. Jiyul Sunim

Jiyul Sunim é uma monja budista sul-coreana, pertencente à Ordem Jogye, a maior da Coréia. Ela chamou a atenção nacional e internacional por seu ativismo ambiental, que incluiu métodos dramáticos e controversos, tais como uma série de greves de fome.

Certa vez, ela jejuou por 200 dias apenas com água, sal e algum chá ocasional. O último de seus quatro jejuns terminou em fevereiro de 2005, centésimo dia. Este jejum estava destinado a recordar o presidente Roh Moo-hyun de sua promessa eleitoral feita em 2002, de suspender e reavaliar o projeto de um túnel controverso, parte de uma rede de linhas de trem de alta velocidade.

O trajeto entre Seul e Pusan foi planejado para passar através do Monte Cheonseong. Ela e vários grupos ambientalistas afirmavam que o projeto representaria uma ameaça para o ecossistema da montanha, que também é  lar de seu convento. Buscando os mesmos objetivos, em 2003, ela prostrou-se 3000 vezes por dia durante 43 dias em frente à prefeitura de Pusan.

Amplamente divulgadas pela imprensa e pelos meios de comunicação populares, suas ações provocaram manifestações apaixonadas de apoio, bem como debates públicos intensos sobre as implicações éticas e políticas a longo prazo de suas técnicas de protesto.

1. Chan Khong

Chan Khong, nascida em 1938, é uma monja budista vietnamita expatriada, uma ativista pela paz que tem trabalhado em estreita colaboração com Thich Nhat Hanh na criação da Plum Village, um centro de meditação budista localizado no sul da França, e ajudado a orientar retiros espirituais internacionais.

Ela conheceu Thich Nhat Hanh em 1959 e considerou-o seu mestre espiritual. Retornou ao Vietnã no final de 1964 e juntou-se ao seu mestre na fundação da Universidade Van Hanh e da Escola de Serviço Social e da Juventude (ESSJ). Ela foi fundamental em muitas das atividades dos ESSJ, especialmente na organização de serviços médicos, educacionais e agrícolas na área rural do Vietnã durante a guerra.

Houve um momento em que a ESSJ envolveu mais de 10.000 jovens trabalhadores pela paz, que reconstruíram muitas aldeias devastadas pelos combates. Quando Thich Nhat Hanh voltou para os Estados Unidos, Chan Khong ficou responsável pelas operações do dia-a-dia.

Em 05 de fevereiro de 1966, Chan Khong foi ordenada como um dos seis primeiros membros da Ordem Interbeing, às vezes chamada de “Os Seis Cedros”. Foi após a sua ordenação que ela recebe o nome Chan Khong, que significa “o verdadeiro vazio”. A Ordem Interbeing era composta de monges, monjas, leigos e leigas.

Os primeiros seis ordenados eram livres para escolher se preferiam viver e praticar como monges formais ou como leigos. As três primeiras mulheres escolheram viver uma vida celibatária como monjas, apenas optando por não raspar a cabeça, enquanto os três homens escolheram casar e praticar como budistas leigos. Entre as três mulheres estava Nhat Chi Mai, que se imolou em nome da paz um ano depois.

2 Respostas

  1. Yasodara Giulliana Ramos

    boa tarde.
    Gostaria muito de saber se você sabe, qual é o significado do nome Yasodara?

  2. Oi Yasodara,

    Seu nome vem do sânscrito e significa “aquela que sustenta o esplendor”, pois “yasas” significa “esplendor” e “dhara” significa “aquela que suporta”.

    Abraços!

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